Especialistas de 17 países participam, a partir desta quarta-feira (16), no Recife, da 1ª Conferência Internacional de Resíduos Sólidos (Cirsol), primeiro evento sobre o tema realizado no Brasil. Eles vão discutir, entre outros assuntos,  os impactos dos resíduos sólidos nas mudanças climáticas, a importância dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), e a Agenda 2030.

O encontro irá até sexta-feira (18) e ocorrerá de forma híbrida, presencial e online. A programação presencial será no Museu Cais do Sertão, na capital pernambucana, enquanto a agenda online será transmitida pelo canal da Cirsol no Youtube  A programação completa pode ser conferida aqui.

O evento reúne representantes dos setores público e privado, de organismos internacionais, acadêmicos e da sociedade civil. Entre os participantes estão integrantes do Pacto Global, iniciativa da ONU para engajar empresas e organizações na adoção de dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento  (Pnud); dos governos de Pernambuco e do Recife e das principais universidades do estado, entre outras instituições.

Logo após a solenidade de abertura, haverá desfile de bonecos gigantes de Olinda (PE) pelas ruas do Recife Antigo. Essas figuras emblemáticas do carnaval pernambucano levarão estandartes que representam os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Situação crítica

A presidente do Instituto de Cooperação Internacional para o Meio Ambiente (Icima) e uma das idealizadoras do evento, Ana Paula Rodrigues, disse que é preciso avançar na meta de chegar a 2030 com números melhores na perspectiva dos ODS. Para ela, a situação brasileira em termos de resíduos sólidos é muito crítica. "Por isso, inclusive, essa conferência é tão urgente. Ela demonstra a necessidade dos setores da sociedade se unirem para, de fato, tomar iniciativas, tentar avançar nessa pauta e reverter a situação”.

O manejo inadequado dos resíduos sólidos é fonte de emissão de dióxido de carbono, que contribui para o efeito estufa. Para se ter ideia do impacto do lixo, só no Brasil, são gerados quase 80 milhões de toneladas de resíduos por ano, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 40% do lixo descartado no país são dispostos de forma inadequada em lixões ou aterros controlados. Ana Paula lembrou que o Brasil tem 3 mil lixões em funcionamento, quando outros países já conseguiram resolver esse problema.

A presidente do Icima destacou a situação ruim dos catadores de materiais recicláveis no que se refere ao trabalho, além de famílias e crianças que trabalham e vivem nos lixões. “Sem dúvida, é uma realidade bem diferente e essa troca de experiências vai nos enriquecer bastante”. Os países participantes da conferência vão mostrar como resolveram o problema dos resíduos sólidos e da coleta seletiva.

“Vamos discutir também o novo marco legal do saneamento”, disse Ana Paula. “É uma rica oportunidade de troca de experiências”. Serão 35 mesas de debate com 140 conferencistas, envolvendo 17 países. Vinte e uma instituições participam como correalizadoras do evento.

Carta-compromisso

Ao final do encontro, será redigida uma carta-compromisso, alinhada com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), que será encaminhada ao Pnud. No documento, as instituições se comprometem a avançar nesse tema nos próximos anos.

Será criado ainda o Observatório de Resíduos Sólidos, que vai acompanhar a realização dos compromissos assumidos durante o encontro. “Essa conferência é a união dos setores da sociedade que veem o agravamento do problema climático e a urgência de se debater a Agenda 2030 e os ODS. A ideia, segundo ela, é realizar novo encontro daqui a dois anos. 

Todos os resíduos sólidos gerados pelo evento terão destinação correta, bem como sistema de monitoramento e compensação para as emissões de carbono. A programação inclui ainda apresentações musicais, intervenções culturais em diferentes linguagens, mostra de cinema ambiental seguida de debate com os idealizadores dos filmes, atividades de educação ambiental, além de seminários e oficinas. 

Fonte: Agência Brasil